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Profetas do Amor


Ministros da reconciliação


Escutar


Um coração que escuta para discernir!


O itinerário de vida que provém deste aproximar-se ao Coração de Cristo começa pelo regressar ao próprio coração. Sobretudo no ritmo alucinante imposto pela sociedade contemporânea, dar espaço ao coração é requisito fundamental para evitar a manipulação e a alienação, conservar a saúde mental e a harmonia do próprio ser e conquistar a liberdade interior que permite avaliar correctamente as situações e desenvolver um próprio projecto de vida. Inclui um constante processo de cura e de reconciliação do próprio “eu”, a nível psicológico, moral e espiritual, de forma a impedir que as feridas do passado continuem a perturbar o presente e o futuro. Exige a formação e o treino disciplinado do próprio coração, para se ser capaz de olhar para a vida com sabedoria e coerência, julgar com verdade e justiça, empenhar-se com generosidade e com toda a energia do próprio ser na construção do mundo.

O objectivo deste regresso ao coração é possuir-se a si mesmo em liberdade. Uma liberdade que vai muito além do próprio “eu”, na procura de novos sentidos e novas relações, pois o coração humano foi criado como peregrino da verdade.

Regressar ao coração não significa fechar-se no interior do próprio “eu”, mas um processo dinâmico de procura e de diálogo, que leva a pessoa às portas do coração novo no Espírito, segundo o dom e o projecto de Deus. A viagem do coração leva ao encontro com Aquele que o criou. O dom do Espírito não anula o coração humano, mas abre-o a novas possibilidades a nível da existência, da moral, das relações e da esperança.

Este caminho tem um guia, um modelo e um apoio: Cristo, o Homem Novo segundo o Espírito, protótipo e primogénito da nova humanidade e dador do Espírito. O nosso “caminho do coração” passa através do Coração de Cristo, “caminho, verdade e vida” (Jo 14,6). Para o apóstolo Paulo, a comunhão com Cristo é uma simbiose que o leva a reproduzir na própria existência as atitudes do próprio Cristo: “Fui crucificado com Cristo. Já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim” (Gal 2,19). Não se trata apenas de imitar os gestos de um mestre, mas mais radicalmente trata-se da obra do Espírito que faz da pessoa uma criatura nova, segundo o modelo e os sentimentos de Cristo.

Viver, pensar e agir segundo esta “segunda natureza” ou esta “natureza renovada” não é só fruto do esforço e da ascese, mas é dom do Espírito. Por outro lado, o homem velho, ou primeiro Adão, continua bem presente na existência daqueles que se puseram em caminho, bem como na mentalidade dominante da sociedade em que vivemos. Daí a exigência de uma constante escuta do Espírito que cura, reconcilia, educa e guia o coração, como descreve Paulo, sobretudo no capítulo 8 da carta aos Romanos.

O itinerário de Emaús, que acima evocámos, indica dois elementos fundamentais desta escuta que transforma a existência. Ao longo do caminho, os dois discípulos, guiados pelo misterioso companheiro de viagem, confrontaram a palavra dos profetas e de Jesus com a sua vida e com a dos outros discípulos. Depois, ao anoitecer, reconheceram-n’O no partir o pão, quando Se sentou à mesa com eles. Aquele que aceitou a morte como expressão de fidelidade e de amor e que agora se torna presente entre os seus, é o único capaz de dar sentido ao escândalo da recusa, do sofrimento e da morte, através dos quais passa a redenção da humanidade.

Hoje, a “lectio divina” e a Eucaristia são momentos privilegiados do tempo consagrado à renovação deste encontro com Cristo ressuscitado na comunidade. É uma escuta que alimenta a comunhão com Deus e com a comunidade; ensina a discernir o sentido do momento actual, na sua esperança e no seu drama; modela o coração e configura a vida no seguimento de Jesus; torna possível a oferta da própria vida, na alegria e no sofrimento, para a transformação do mundo.

tesouro em vasos de barro”, quer pelo peso das nossas culpas, quer pela fraqueza física ou dificuldades da vida, do trabalho ou dos relacionamentos, abrimos o coração à acção do Espírito, num processo de constante purificação e renovação, de modo que, “embora o nosso ser exterior se vá desfazendo, o interior se renove de dia para dia” (cf. 2Co 4,7- 18), até que se completa, também em nós, a medida do homem novo em Cristo.

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